Mais prática, menos teoria: o que os jovens esperam da faculdade e dos estágios

EPOCA • 31 de maio de 2019

Pesquisa do CIEE mostra interesse dos jovens por universidades renomadas e por plano de carreira nas empresas


REFERÊNCIA DA UNIVERSIDADE NO MERCADO DE TRABALHO É FATOR MAIS IMPORTANTE NA HORA DA ESCOLHA DO JOVEM (FOTO: PIXABAY)

A preocupação com o mercado de trabalho é o fator mais importante na escolha dos jovens pelo curso de graduação e pela universidade. Nesse contexto, as empresas que oferecem plano de carreira e chance de crescimento se tornam cada vez mais atrativas. É o que aponta pesquisa organizada pelo CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola).

O levantamento foi realizado pela Toledo e Associados com 500 jovens cadastrados no banco de dados do CIEE. Os entrevistados são estudantes de 10 das principais universidades de São Paulo, como a FGV (Fundação Getulio Vargas) e a USP (Universidade de São Paulo). A maioria tem entre 18 e 21 anos (50%), seguida pela parcela de 22 a 24 anos (43%).

A preocupação com o mercado de trabalho é evidenciada desde o processo de escolha do curso: 40% dos entrevistados dizem ter feito a escolha ao observar as profissões mais requisitadas pelo mercado. A influência familiar fica em segundo lugar, com 31%, seguida por testes vocacionais, com 24%.

Na escolha da instituição de ensino, a referência no mercado de trabalhoaparece como fator mais importante por 61% dos jovens entrevistados. A qualidade de ensino (57%) e o bom posicionamento em rankings de instituições de ensino (37%) também têm evidência.

Fatores como custo-benefício (5%), gratuidade (3%) e localização (2%) aparecem com pouco destaque, evidenciando uma maior disposição a investir financeiramente na formação acadêmica. Vale destacar que 39% dos estudantes têm o curso pago integralmente pelos pais, enquanto 4% arcam com os custos sozinhos.

Uma vez na universidade, os jovens demonstram grande interesse em aulas e práticas que os colocam em contato com o mercado desde cedo. Por este motivo, 69% dos estudantes consideram que as universidades deveriam inserir mais matérias práticas, enquanto 41% concordam que deveria haver simulações reais dentro da sala de aula. Para 27%, ter professores atuantes no mercado também seria importante.

"O fato de o estudante estar em uma instituição renomada é um diferencial, mas não é uma garantia de sucesso", alerta Marcelo Gallo, Superintendente Nacional de Operações do CIEE. "No dia a dia, como estagiário ou profissional, ele terá de provar que tem as competências técnicas e comportamentais necessárias".

As competências em relação ao inglês também ganham destaque na pesquisa: 85% dos entrevistados têm domínio da língua, enquanto 25% já fizeram intercâmbio. “O estudante está ciente de que o inglês deixou de ser um diferencial para ser um pré-requisito para boa parte das vagas”, diz Gallo.

O executivo comenta, ainda, sobre casos em que os estudantes têm a impressão de que o nível elevado exigido para a vaga contrasta com o uso pouco frequente da língua no dia a dia do estágio. Segundo ele, isso pode ser reflexo de uma estrutura que prevê crescimento na carreira. "O que muitos RHs querem, na verdade, é saber se o estudante já tem o inglês necessário para que ele não tenha o impedimento de assumir uma vaga no futuro pela falta dele".

No mercado

O aprendizado e a aquisição de conhecimentos práticos são os fatores de maior interesse dos jovens no estágio, sendo destacados por 65% e 52% dos entrevistados, respectivamente.

A pesquisa também mostra interesse do estudante pelo plano de carreira da empresa. Dos 69% de jovens que estão estagiando atualmente, 73% esperam ser efetivados na empresa. Já entre os 7% que já trabalham como funcionários efetivos, 56% atuam na mesma empresa em que começaram como estagiários.

No geral, os estudantes demonstram otimismo em relação ao futuro de suas carreiras — 89% acreditam que o curso escolhido tem mercado atuante, em especial os universitários de tecnologia da informação. Além disso, 92% desejam fazer carreira no curso e 16% têm interesse em empreender.

Do ponto de vista dos gestores, a tendência é que os estagiários tenham perfil cada vez mais empoderado, tomando suas próprias decisões de carreira e de formação, por exemplo. Eles também têm se mostrado mais engajados e interessados por empresas modernas e renomadas, além de demonstrarem interesse por empreender.

"Esses jovens são cada vez mais desafiadores para as empresas. Para manter esses talentos, é preciso ter políticas que sejam estimulantes", diz Gallo. "A pesquisa mostra que ganho de competências técnicas e plano de carreira tornam a vaga mais atrativa para esses candidatos".

Noticia publicada no site EPOCA, em 04/12/2018, no endereço eletrônico: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2018/12/mais-pratica-menos-teoria-o-que-os-jovens-esperam-da-faculdade-e-dos-estagios.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=compartilharDesktop


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