MEC propõe elevar nota de universidade que abrir espaço ao Ensino Médio

VALOR • 07 de novembro de 2019

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O Ministério da Educação lançou hoje o programa Educação em Prática, para estimular as universidades a oferecer atividades a alunos do ensino fundamental e médio de todo o país.

A ideia é que, em troca de oferecer a sua estrutura e disponibilizar professores, a universidade ganhe pontos no Sinaes, o sistema de avaliação do ensino superior do MEC. Tanto universidades públicas quanto privadas poderão participar.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, fez questão de afirmar que “universidades ruins” não serão beneficiadas com o bônus. Para aderir ao programa, a instituição terá de ter nota acima da nota mínima de qualidade.

Segundo o secretário de Educação Básica do MEC, Janio Macedo, o programa é uma alternativa do governo para ampliar o acesso de estudantes ao ensino em tempo integral. Ele destacou que, hoje, para que todas as escolas de ensino médio pudessem oferecer atividades em tempo integral, seria necessário um investimento de R$ 12 bilhões ao ano.

Durante a apresentação do programa, o MEC anunciou um investimento de R$ 80 milhões em escolas de tempo integral, que geram 40 mil novas vagas em 500 unidades.

Crítica

Para a presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, o programa Educação em Prática pode levar a um entendimento equivocado, por parte da população, sobre a qualidade de ensino ofertado pelas instituições. Ela argumenta que mesmo a universidade com uma nota média terá sua pontuação artificialmente elevada, o que na sua visão é uma forma de enviar comunicação errada. “A pontuação inflada não é reveladora da qualidade e pode mascarar ineficiências”.

Priscila reconhece que existe de fato demanda dos Estados para que o MEC abra caminhos para a implementação do novo ensino médio — e ela não vê mal nisso. Mas considera a bonificação extra no Sinaes um “marketing equivocado” para as universidades.“Há um desafio grande apresentado para os Estados e começaram a trabalhar como propostas para ajudar a construção de pontes entre universidade públicas e privadas, a fim de aproveitar tempo e espaços. Até aí tudo bem. Mas elas vão receber um bônus regulatório em forma de pontuação que nada tem a ver com avaliação de qualidade”, critica Priscila.

Ela observa que muitas instituições privadas estão com instalações sem aproveitamento num cenário, segundo ela, de piora do ensino que se reflete no aumento de disciplinas de EAD (ensino a distância). “Há universidades privadas com ociosidades gigantescas durante o dia por conta da concentração de alunos no turno da noite. Como capitalizam isso? Fazendo esse tipo parceria”, diz Priscila.

“Nossa crítica tem mais a ver com o equívoco que isso vai gerar quanto ao entendimento do que é ensino de qualidade. O argumento é que o aluno deve fazer sua escolha, mas o mesmo programa que avalia vai inflar a nota. Isso é um terreno de desregulamentação, de abertura de possibilidades de lucro sem ofertar qualidade.”

Notícia publicada no VALOR, em 06/11/2019, no endereço eletrônico: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2019/11/06/mec-propoe-elevar-nota-de-universidade-que-abrir-espaco-ao-ensino-medio.ghtml


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