Reitora do IFPE diz que pode encerrar atividades em setembro devido a corte de verbas federais

G1 • 13 de maio de 2019

MEC bloqueou R$ 22 milhões nas verbas de custeio da instituição. 'A questão é saber como é que a gente vai chegar em setembro', afirma Anália Keila Rodrigues.

Com o anúncio de ‘contingenciamento’ de 30% das verbas nas instituições federais de ensino anunciado pelo Ministério da Educação (MEC), o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) afirmou que as atividades podem ser encerradas em setembro. Em Pernambuco, a instituição tem 16 unidades e oferece 283 cursos técnicos, de graduação e pós-graduação a cerca de 27 mil alunos. (Veja vídeo acima)

“Esse corte significa um prejuízo muito grande para as nossas atividades básicas. A questão não é só chegar até setembro, é saber como é que a gente vai chegar em setembro”, pontua a a reitora do IFPE, Anália Keila Rodrigues, em referência ao corte de cerca de R$ 22 milhões nas verbas de custeio.

Segundo a gestora, as visitas técnicas feitas por estudantes do IFPE a empresas, a áreas rurais e a organizações não-governamentais podem ser comprometidas. “Aqui as visitas técnicas fazem parte da construção do conhecimento. Essa mobilidade também custa dinheiro e, a partir de agora, como vai ser? Vamos tirar as visitas? Desligar computadores? Ficar sem internet?”, questiona.


IFPE oferece cursos técnicos, de graduação e de pós-graduação em 16 unidades no estado — Foto: André Ferreira/Divulgação

Os alunos da instituição também demonstram preocupação com o anúncio de diminuição do orçamento das instituições federais de ensino.

“Muita gente está no fim do curso e não vai conseguir terminar porque o IFPE não vai mais funcionar. É horrível pensar que o pessoal chegou perto de realizar o sonho e pode não conseguir”, diz o estudante Wheldon Ricardo Souza, aluno do curso técnico em química.

A conquista dos alunos aprovados na instituição está ameaçada, na visão da reitora do IFPE. “Como vão ficar as famílias que depositaram os sonhos aqui?”, diz.

Governos pedem revisão de cortes


Governador Wellington Dias (Piauí) concede entrevista no Palácio do Planalto após reunião de governadores do Nordeste com o presidente Bolsonaro — Foto: Guilherme Mazui/G1

Na quinta (9), governadores do Nordeste estiveram em Brasília numa reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e pediram a revisão do ‘contingenciamento’ de verbas das instituições federais de ensino. Os gestores também pediram a prorrogação e ampliação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Participaram os governadores dos estados do Maranhão, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe e Piauí. Os ministros Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Santos Cruz (Secretaria de Governo), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e André Mendonça (AGU) também estiveram presentes. Após o encontro, Jair Bolsonaro não quis comentar o assunto.

Entenda o caso

O 'contingenciamento' de verbas foi anunciado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, no dia 30 de abril. Inicialmente a medida era válida somente para a Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas após críticas, foi estendida a todas as instituições de ensino federais do país.

Em Pernambuco, a medida tem gerado apreensão de estudantes, professores e gestores. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), por exemplo, anunciou que corre o risco de parar de funcionar no segundo semestre deste ano. Com o medo de suspender as atividades e comprometer o ensino de alunos, reitores de cinco universidades do estado decidiram criar um dia de mobilizações para mostrar qual o impacto das universidades na sociedade.

Na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), foram R$ 27,94 milhões retidos do orçamento de custeio previsto e aprovado por meio da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2019. Na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), são quase R$ 12 milhões, o que afeta todos os serviços essenciais da universidade, segundo o reitor.

A medida do MEC tem sido questionada na Justiça. Na quinta (9), o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, negou uma das ações, que pedia a suspensão do bloqueio. Outras ações sobre o tema ainda devem ser analisadas pelo STF.

Noticia publicada no site G1, em 10/05/2019, no endereço eletrônico: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/educacao/noticia/2019/05/10/reitora-do-ifpe-diz-que-atividades-podem-ser-encerradas-em-setembro-devido-a-corte-de-verbas-federais.ghtml


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