Treze institutos de educação superior do RJ manifestam preocupação com os cortes feitos pelo Governo Federal

G1 • 06 de setembro de 2019

Representantes das pró-reitorias de pesquisa e pós-graduação de universidades do Rio divulgaram nesta quinta-feira (5) uma carta em repúdio aos bloqueios orçamentários impostos pelo Governo Federal.

Segundo a manifestação, as medidas terão grande impacto nas agências federais de fomento, CAPES, CNPq e FINEP. Os institutos de educação superior do RJ alertam para as consequências dos cortes para o futuro do país.

A carta diz que "os sucessivos contingenciamentos sofridos por essas agências, implicando em cortes de bolsas e cancelamentos de editais de fomento, vem há algum tempo comprometendo o avanço da produção científica e tecnológica do país, assim como a formação de novos pesquisadores".

O texto é assinado por representantes de 10 universidades, institutos de pesquisa e da Fiocruz. E afirma que o corte de mais de 50% das bolsas da CAPES, previsto para o ano que vem, vai inviabilizar a própria existência de diversos programas de pós-graduação.

"Estamos tentando mostrar para a população que nós sabemos os riscos que estamos correndo, mas vamos mostrar para população o que ela tem das vacinas que nos protegem das doenças, dos remédios que lhes curam das doenças, dos alimentos mais sustentáveis, projetos de estudos e reflexão sobre violência. Enfim, em todas as áreas do conhecimento, isso tudo vai ser impactado. Então, o prejuízo para a sociedade é incalculável", comentou a pró-reitora da UniRio, Evelyn Arroio.

"Em termos de nação, a gente fica para trás. A gente estava conquistando espaços mais confiáveis em termos de pesquisa. Isso certamente está indo para o buraco", completou.

UniRio: dívidas de R$ 36 milhões

A UniRio teve um corte de 30% em seu orçamento. Hoje a universidade recebe 279 bolsas de pesquisa da Capes. Como consequência pelos bloqueios, até o final do ano, a instituição vai cortar 12% das bolsas de mestrado e doutorado. E 27% das bolsas de pós-doutorado.

Entre os programas mais afetados estão o de Alimentos e Nutrição, que vai perder metade das 14 bolsas. E de informática, que de 15 bolsas, vai ficar com apenas 5.

Além disso, o CNPQ destina 83 bolsas para a iniciação científica e quase 30 para pesquisadores da UniRio. Essas bolsas podem ser cortadas em outubro se o governo não liberar recursos adicionais.

O déficit da UniRio hoje está em R$ 20 milhões e deve subir para R$ 36 milhões com o contingenciamento.

"Os cortes de bolsa são a ponta do iceberg. Na verdade, o corte de bolsa impacta na expectativa de vida dos estudantes, que pretendem ter a melhor formação e a sua carreira. Mas eles impactam fundamentalmente no desenvolvimento das pesquisas dos institutos de pesquisas e nas universidades", disse Evelyn Arroio.

UFF, UFRJ e Rural em crise

A situação em outras universidades federais do Rio de Janeiro não é muito diferente. Na Universidade Federal Fluminense (UFF), os bloqueios chegam a 31% do orçamento de custeio da instituição. Isso representa R$ 52,7 milhões a menos no caixa.

Com o reajuste, a UFF prevê reduzir as equipes de segurança e limpeza, além de suspender os serviços de telefonia e transporte. A universidade ainda tem dívidas com empresas terceirizadas.

Já na Universidade Rural do Rio de Janeiro, o orçamento sofreu um bloqueio de 30%, o que representa R$ 22 milhões. Entre os cortes, está a metade da folha de terceirizados, além de serviços de correio, combustível e segurança.

Na UFRJ, onde os cortes chegaram a 40%, a reitoria anunciou uma série de medidas que vão afetar o dia a dia dos alunos e professores.

Ao todo, seis medidas de contenção serão executadas, entre elas a suspensão do contrato de serviços de manutenção externa.

Além disso, os laboratórios da universidade estão com as pesquisas ameaçadas por causa da falta de verba. Os cortes foram necessários para manter o funcionamento da universidade, segundo a reitoria.

Notícia publicada no site do G1, em 05/09/2019, no endereço eletrônico: https://glo.bo/2m334Ae


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