Em meio a corte de bolsas, entre 35 países Brasil é um dos três com menor número de doutores

GLOBO • 10 de setembro de 2019

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Dados do relatório "Education at a Glance", divulgado nesta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostram que o Brasil ainda está engatinhando no que diz respeito à pós-graduação. De acordo com o estudo, entre os 35 países com dados disponíveis sobre o tema, o Brasil tem a terceira menor taxa de pessoas entre 25 e 64 anos que possuem doutorado. Enquanto no país esse índice é de 0,2% dessa população, a média das nações que compõem a organização é quase seis vezes maior, alcançando 1,1%.

Nesse quesito, o Brasil consegue superar apenas o México, que tem uma taxa de cerca de 0,1%, e a Indonésia que nem sequer chega a pontuar. O país com maior taxa é a Eslovênia, que alcança o patamar de 3,8% dessa população com doutorado. Embora o estudo analise 45 países, apenas 35 disponibilizaram dados sobre o tema.

A situação melhora ligeiramente em relação ao índice de mestres, mas os dados ainda são alarmantes, sobretudo pela distância em relação aos outros países do mundo. De acordo com a OCDE, enquanto o Brasil tem apenas 0,8% das pessoas de 25 a 64 anos com mestrado, a média dos países que integram a organização é de 13%. A Rússia é o país com maior destaque em relação ao percentual de mestres, chegando a 29% das pessoas de 25 a 64 anos.

A deficiência do Brasil em relação ao desenvolvimento da pós-graduação pode se aprofundar ainda mais. Isso porque, recentemente, o governo federal tem reduzido sistematicamente o financiamento de pesquisas. O valor previsto para o orçamento do próximo ano prevê, por exemplo, que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação (MEC), terá recursos para financiar apenas metade das bolsas de pós-graduação em 2020.

Além da Capes, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) vai perder 87% da verba de fomento à pesquisa em 2020, segundo a proposta orçamentária do governo. O montante é utilizado para gastos com insumos e equipamentos, por exemplo.

O relatório da OCDE mostra também que os problemas do país na etapa superior já começam com a graduação. De acordo com o estudo, apenas 21% dos brasileiros de 25 a 34 anos têm diploma de ensino superior. A dificuldade no acesso à universidade e a baixa taxa de conclusão causam o gargalo que faz com que os títulos de mestre e doutor sejam raros entre os brasileiros.

Notícia publicada no site do GLOBO, em 10/09/2019, no endereço eletrônico: shorturl.at/cnovA


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