Mais da metade das universidades brasileiras caem em ranking das melhores instituições latino-americanas

O GLOBO • 23 de outubro de 2019

Bruno Alfano

22/10/2019 - 20:54 / Atualizado em 22/10/2019 - 21:02

UFRJ ficou na 9ª colocação Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo

O trabalho é realizado por consultoria internacional que leva em consideração aspectos como avaliação do mercado e produção científica

RIO — Mais da metade (57) das 94 universidades brasileiras presentes na lista divulgada nesta terça-feira pela QS World University Rankings: Latin America 2020 , com as 400 melhores instituições de ensino superior latino-americanas, caíram de posição no ranking . O trabalho é realizado pela consultoria internacional que leva em consideração aspectos como avaliação do mercado e produção científica. Enquanto isso, os mexicanos melhoraram seu desempenho.

— O sistema de ensino superior brasileiro é um dos menos internacionalizados da OCDE, e a pesquisa da QS mostra que os estudantes se preocupam profundamente com a capacidade da universidade escolhida de melhorar suas perspectivas de emprego. Se a comunidade internacional estudantil perder a fé nas perspectivas de emprego oferecidas pelas instituições brasileiras, o recrutamento de talentos do exterior se tornará cada vez mais difícil — afirmou Ben Sowter, diretor de pesquisa da QS.

A Pontifícia Universidade Católica do Chile lidera o ranking pelo terceiro ano consecutivo. A USP continua com a segunda colocação. De acordo com a consultoria, é a universidade que mais produz trabalhos acadêmicos na América Latina, mas a nota dada por empregadores caiu neste ano.

'Preconceito com setor produtivo'

A professora Claudia Costin, especialista em educaçao, afirmou que a universidade pública brasileira se destaca pela produção acadêmica, mas ainda tem preconceito com o setor produtivo.

— Várias universidades europeias e americanas têm representação dos setores produtivos nos conselhos universitários. Os nossos são bastante coorporativistas, têm uma visão de que tem haver professores, funcionários e alunos na representação. Mas não o setor produtivo. E os empregadores percebem essa falta de diálogo adequado — afirmou Costin.

Na terceira colocação, o Instituto Tecnológico de Monterrey, no México, tomou a terceira colocação da Unicamp, que foi para a quinta colocação. Já a UFRJ ficou com a 9º colocação. Na lista das dez melhores, estão três brasileiras, duas chilenas, duas mexicanas, duas colombianas e uma argentina.

— O Chile parece ser o beneficiário dos problemas do Brasil, pelo menos no que diz respeito às preferências do empregador. O desempenho das dez melhores universidades do Chile, quando avaliado através de uma lente de empregabilidade, é louvável, com sete melhorando sua classificação entre os empregadores e três vendo seu desempenho permanecer estável — afirmou Sowter.

Critérios

Entre as métricas da QS, também é levada em conta se uma universidade está promovendo o ambiente, as redes e as práticas necessárias para produzir pesquisas de classe mundial. Isso inclui a avaliação de equipes de doutorado, rede internacional de pesquisa, artigos por faculdade e citações por artigo. Segundo a QS, são ouvidos quase 45.000 empregadores em todo o mundo.

Com as 94 universidades entre as 400 do ranking, o Brasil é o país com o maior número de instituições na lista. Segundo a QS, isso é um reflexo do tamanho do Brasil.

Vinte países contribuem com pelo menos uma universidade para o ranking. Depois do Brasil, os países mais representados são México (59), Colômbia (57), Argentina (43) e Chile (40).

Notícia publicada no O GLOBO, em 23/10/2019, no endereço eletrônico https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/mais-da-metade-das-universidades-brasileiras-caem-em-ranking-das-melhores-instituicoes-latino-americanas-24035629


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