Veja como o Enem se transformou no principal meio de acesso às universidades

G1 GLOBO • 01 de novembro de 2019

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No domingo (3), milhões de estudantes vão fazer a primeira prova do Enem, um exame que mudou ao longo de 11 anos. Na primeira reportagem de uma série especial do Jornal Nacional, a Graziela Azevedo mostra como ele passou de uma simples avaliação dos estudantes do ensino médio para se transformar na principal porta de entrada dos brasileiros nas universidades, daqui e de Portugal.

Já faz 21 anos que uma janela começou a se abrir para jovens brasileiros.

“A universidade dos meus sonhos”, diz uma estudante.

“Foi uma das formas mais simples de estudar fora”, conta um estudante.

“A possibilidade de tá numa faculdade de excelência”, comenta outra estudante.

Em 1998, na primeira edição, o Exame Nacional do Ensino Médio atraiu pouco mais de 115 mil estudantes e já na estreia, teve aquela cena que a gente conhece bem. “Não deu pra chegar, o ônibus atrasou”, contou um estudante na época.

Naqueles primeiros tempos eram quatro horas para responder a 63 questões e fazer a redação de um exame muito diferente do velho e temido vestibular.

“O vestibular, que a gente conheceu, ele era, valia mais aquilo que você conseguia guardar na sua cabeça, aquilo que você conseguia decorar. O Enem ele quer avaliar a capacidade que a pessoa tem de se relacionar com os fenômenos da vida e com o conhecimento”, destaca Mônica Gardelli Franco, diretora executiva do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação.

A sede de jovens brasileiros pelo conhecimento que melhora salários, satisfaz curiosidades, melhora a vida. No primeiro ano da prova, em 1998, o Brasil tinha pouco mais de 2 milhões de estudantes universitários. Hoje o número passa dos 8 milhões. E foi subindo também graças a outros programas associados ao Enem.

Em 2004, com a criação do programa Universidade para Todos, a nota do Enem passou a contar também para bolsas de estudo em faculdades particulares. No ano seguinte, o número de inscritos saltou para 3 milhões.

Foi a dupla Enem-Prouni que trouxe a Cíntia pra faculdade de economia da PUC de São Paulo. Trabalhava, tinha filho e 34 anos quando entrou. “Eu consigo ver os estudos como um tempo muito precioso e que me fez crescer e foi um divisor de águas na minha vida”, conta Cíntia dos Reis Moreira Alves, estudante de economia.

Em 2009 o Enem sofreu, por já ser tão precioso pra vida de tanta gente. O vazamento das provas adiou, mas não impediu o exame, que passou a ter 180 questões resolvidas em dois dias. Nesse mesmo ano o Sisu, Sistema de Seleção Unificado, começou a acabar com aquela história de ter que viajar para prestar vestibular em outros estados.

Giovana não teria esse dinheiro, mas veio do norte do país para a federal do ABC.

“Eu sou de Santarém, no Pará, morava em Manaus quando prestei o Enem. Foi por ele que eu consegui ter essa opção de estudar em Universidade de São Paulo”, diz Giovana Matos, estudante de Relações Internacionais.

Em 2014, o mapa do conhecimento se ampliou ainda mais. Faculdades de Portugal começaram a aceitar as notas do Enem. O Lucas se mandou pra a Universidade de Coimbra e foi além. “Atualmente estou fazendo mestrado em ciências políticas e relações internacionais, na Universidade Nova de Lisboa. Eles basicamente só pediam o Enem”, lembra Lucas Fidalgo Knoeller, estudante de ciências políticas.

Em 2015, travestis e transexuais puderam pedir a impressão de seus nomes sociais nas provas. Foi mais um passo em favor da inclusão garantida pelas universidades com as cotas para deficientes físicos, índios e negros. Carolina foi selecionada. O curso? Medicina. “É um pouco difícil de acreditar, fiquei feliz com a notícia”, declara Carolina Bernardes, estudante.

A passagem do tempo e as transformações no ensino, no país e no mundo mudaram as provas. “Esse aqui é um caderno de provas do primeiro ano a impressão simples, em preto e branco, essa foi a primeira prova de Enem de 1998. E esse foi um caderno de provas do ano passado. A questão da qualidade gráfica, a inclusão de fotos. Os itens hoje são mais complexos do que há cinco, dez anos”, destaca Alexandre Pereira Lopes, presidente do Inep.

As perguntas saem de um banco de questões e são escolhidas por um sistema de computação. O sigilo e a segurança precisam ser rigorosos para honrar tudo o que o Enem representa para o futuro de cada um e de todo país.

“Quero continuar minha pesquisa que é justamente sobre a minha região, a Amazônia”, conta Giovana.

“Eu pude fazer um semestre na Itália e me rendeu mais experiência também”, diz Lucas.

‘Não deixa de ser um investimento, mas é algo que vai ficar. Vai permanecer comigo”, comenta Cíntia.

Notícia publicada pelo G1 GLOBO, em 31/10/2019, no endereço eletrônico: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2019/10/31/veja-como-o-enem-se-transformou-no-principal-meio-de-acesso-as-universidades.ghtml


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