Antes de deixar cargo, Weintraub indicou olavistas para o Conselho Nacional de Educação

GLOBO • 22 de junho de 2020

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Pouco antes de deixar o Ministério da Educação (MEC), Abraham Weintraub tomou medida central para influenciar os rumos da área no país. O ex-ministro encaminhou à Casa Civil uma lista com 12 indicados para compor o Conselho Nacional de Educação (CNE). Entre os nomes, estão representantes do setor privado e até mesmo seguidores do guru bolsonarista Olavo de Carvalho.

O CNE é responsável por normatizar a área no país. Cabe ao conselho formular e avaliar a política nacional de educação, zelar pela qualidade do ensino, velar pelo cumprimento da legislação educacional e assegurar a participação da sociedade no aprimoramento da educação brasileira.

Como o GLOBO mostrou em janeiro, havia um temor entre especialistas na área de que Weintraub promovesse uma guinada conservadora no órgão. Na lista, chama atenção o nome de Tiago Tondinelli, ex-chefe de gabinete do ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, ele é seguidor de Olavo de Carvalho e estava empregado na TV Escola após ser exonerado do MEC.

O ex-ministro ignorou nomes indicados por entidades da área. A União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), recomendou Aléssio Costa Lima, ex-presidente da instituição. Weintraub também não acatou a indicação do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), que destacou, entre outros, o professor Eduardo Deschamps, que já compõe atualmente o Conselho. Weintraub também não indicou o atual presidente do CNE, Luiz Roberto Liza Curi.

Interlocutores do ministro Braga Netto, da Casa Civil, afirmam que ele irá revisar todas as indicações de Weintraub antes da nomeação.

Decreto emitido em 1999 determina que ao menos metade das indicações para integrar o colegiado deve ocorrer por meio de uma lista de nomes apresentada por entidades representativas da área. Cabe ao Ministério da Educação (MEC) definir quais serão essas organizações.

Nos últimos anos, entidades representativas como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) compuseram a lista. É o ministro da Educação quem seleciona os candidatos e apresenta os nomes elegíveis ao presidente, responsável por nomeá-los.

Para a Câmara de Educação Básica, Weintraub indicou Amábile Pacios, Augusto Buchweitz, Evandro Faustino, Fernando César Capovilla, Gabriel Giannattasio, Tiago Tondinelli e William Ferreira da Cunha. Já para a Câmara de Educação Superior, os indicados foram Antônio Veronezi,Jean Marie Lambert, Luís Henrique Amaral, Ricardo Luís Silveira da Costa e Wilson de Matos Silva.

A análise dos nomes mostra a força do atual secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, que chegou a ser cotado para substituir Weintraub no MEC. Há nas indicações nomes ligados à defesa do método fônico, estratégia defendida pelo governo para a área da alfabetização, e outros ligados à Universidade Estadual de Londrina. A cidade paranaense, terra de Nadalim, é um dos núcleos do bolsonarismo na área da Educação. Lá também vive o ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, antecessor de Weintraub.

Notícia publicada no site GLOBO, em 22/06/2020, no endereço eletrônico: https://oglobo.globo.com/sociedade/antes-de-deixar-cargo-weintraub-indicou-olavistas-para-conselho-nacional-de-educacao-24492180


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