Prefeitura de SP autoriza retomada das aulas do ensino superior a partir de outubro

G1 • 18 de setembro de 2020

Fonte da Notícia: G1

Data da Publicação original: 17/09/2020

Publicado Originalmente em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/09/17/prefeitura-de-sp-autoriza-retomada-das-aulas-do-ensino-superior-a-partir-de-outubro.ghtml

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Decisão sobre volta às aulas esse ano em São Paulo sai até 25 de setembro

A Prefeitura de São Paulo autorizou a retomada das aulas do ensino superior e atividades extracurriculares nas escolas a partir de outubro.

Em poucos lugares do mundo, a espera pela volta às aulas foi tão longa. Faz seis meses que o vírus fechou as escolas no Brasil. Em São Paulo, o estado autorizou, em agosto, o retorno dos alunos, mas deixou a decisão para os prefeitos. E, na maior cidade do país, a prefeitura decidiu esperar mais.

A volta das aulas presenciais no ensino superior foi marcada para 7 de outubro, com apenas um terço dos alunos, regras de higiene e distanciamento na entrada, na saída e nos intervalos.

Nos ensinos infantil, fundamental e médio, o retorno vai ser gradativo. Começa em 7 de outubro por atividades extracurriculares. “Aulas de línguas, aulas de músicas: são atividades que já acontecem nas escolas livres da cidade de São Paulo. E as escolas, tanto públicas quando privadas, passam a ter, a partir do dia 7 de outubro, essa licença para realizarem esse tipo de atividades. Para cada uma das unidades escolares, para cada um dos professores e também para os nossos estudantes. Não há obrigatoriedade dessas atividades acontecerem”, explica Bruno Caetano, secretário municipal de Educação.

Ficou uma expectativa pela volta das aulas regulares em novembro. Um estudo mostrou que 18% dos alunos da rede municipal e 17% da estadual tiveram Covid, praticamente o dobro do número de infectados entre estudantes de escolas privadas; 66% dos estudantes de escolas municipais e 64% entre os das estaduais não tiveram sintomas. Na rede privada, 70%.

O resultado preocupa os médicos. “Temos que ver se a cidade estará em condições em dar conta de receber esse aumento do número de casos que certamente acontecerá”, destaca Patrícia Canto, pneumologista da Fiocruz.

Os professores defendem que não é seguro voltar. “Nesse momento, o que está em questão é a defesa da vida; e não é porque o jovem, a criança vai pegar, é porque eles são assintomáticos e vão levar a doença para seus lares. E nós vamos ampliar, na verdade, agravar mais ainda a crise do coronavírus no estado de São Paulo”, avalia Maria Isabel Azevedo Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo.

A desigualdade da educação no Brasil é histórica, mas os especialistas dizem que a pandemia e a proibição de aulas presenciais aumentaram o abismo entre os alunos da rede pública e provada. Crianças e adolescentes de famílias mais vulneráveis não têm as mesmas ferramentas para enfrentar o desafio do ensino à distância. Para alguns, não dá para esperar muito mais.

“Cada dia que passa sem escola aberta, principalmente para os alunos mais vulneráveis e que não têm tido acesso ao ensino remoto, piores são as consequências tanto no curto prazo, mas fundamentalmente no retorno. Quanto mais a gente demora para retornar, e a gente precisa retornar com segurança, mais difíceis serão os desafios na reabertura”, analisa Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo do Todos pela Educação.

O aluno do ensino médio Gabriel Elias Rocha divide o computador com o padrasto para estudar e se sente privilegiado em uma sala que perde alunos todos os meses. “Eu tenho colegas na minha sala que nem isso tem: celular, internet. Eles acabam ficando sem estudar. Tanto que quando a professora manda a relação de atividades entregues, me choca, porque de 30 alunos que minha sala tem, apenas seis entregam”.

Para as irmãs da escola particular, o que mais falta é o contato social. “A escola sempre fez ter didaticamente tudo, mas a parte do convívio, da experiência do ensino médio, a gente perdeu a maioria das coisas. Tem essa expectativa muito grande de querer volta o mais rápido possível”, diz Bruna Torres, aluna do ensino médio.

“Passa essa fase de adaptação nesse ano que já está ‘perdido’ para ano que vem começar direito”, comenta Fernanda Torres, aluna do ensino médio.

Quem estuda de perto a questão diz que mais do que “quando”, é importante discutir “como” voltar.

“É importante que nessa discussão sobre a reabertura das escolas a gente fuja de um debate sobre reabrir ou não abrir, afinal de contas essa é uma decisão da saúde, mas passe a falar muito mais sobre como reabrir assim que for possível reabrir com segurança. E aí a gente ainda precisa caminhar muito para poder de fato preparar as escolas para esse retorno tão desafiador que nós teremos em função de um fechamento tão prolongado quanto esse que a gente vem observando”, destaca Olavo Nogueira Filho, diretor-executivo do Todos pela Educação.

“Talvez voltarem primeiro os que mais precisam, os que não conseguiram acessar aprendizagem remota por um motivo ou por outro, fazer um escalonamento da volta, o rodízio dos alunos nas turmas. Mas está chegando o momento de voltar e nós vamos ter que olhar com isso com seriedade e enfrentar o medo que todos nós temos, professores, pais de alunos, e tentar fazer uma volta segura”, avalia Cláudia Costin, diretora do Centro de Políticas Educacionais da FGV.


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