IBGE: Mulheres têm mais acesso ao ensino superior, mas ainda são minoria em áreas como engenharia e TI

VALOR • 05 de março de 2021

Fonte da Notícia: VALOR
Data da Publicação original: 04/03/2021
Publicado Originalmente em: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/03/04/ibge-mulheres-tem-mais-acesso-ao-ensino-superior-mas-ainda-sao-minoria-em-areas-como-engenharia-e-ti.ghtml


s mulheres brasileiras são mais instruídas que os homens e com mais acesso ao ensino superior, mas ainda são minoria em áreas ligadas às ciências exatas, como engenharia e tecnologia da informação, e também entre os docentes de universidade. O retrato está presente na pesquisa “Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na população com 25 anos ou mais, 19,4% das mulheres e 15,1% dos homens tinham nível superior completo em 2019. A parcela da população com instrução vem avançando, mas as mulheres se mantêm nos últimos anos com maior grau de instrução. Em 2012, eram 14% das mulheres com ensino superior e 10,9% dos homens. A única faixa etária em que há mais homens que mulheres com ensino superior é aquela acima dos 65 anos ou mais, o que mostra as restrições do acesso à educação em décadas passadas, aponta o IBGE.

Quanto mais jovens as mulheres, maior é o acesso ao nível superior. No grupo de 25 a 34 anos, 25,1% das mulheres tinham nível superior e 18,3% dos homens. Já na faixa entre 35 e 44 anos, as taxas são de 24,4% e 17,3%, respectivamente. No grupo de 45 a 54 anos, 19,4% das mulheres tinham nível superior e 13,8% dos homens. Entre 55 e 64 anos, os índices são de 15,5% e 13%, respectivamente, mostrando uma distância menor, também em função da realidade diferente no passado.

A maior parcela de mulheres com ensino superior, no entanto, ainda não mudou a realidade do perfil das profissões escolhidas, reforçando a existência de barreiras em determinadas áreas de conhecimento. Em cursos de graduação, elas são minoria entre os alunos nas áreas ligadas às ciências exatas e maioria entre as funções ligadas a cuidados e educação. As mulheres são mais da metade das matrículas em áreas como bem-estar — que inclui o curso de serviço social (88,3%) —, saúde, excluindo medicina, (77,3%), ciências sociais e comportamentais (70,4%) e educação (65,6%), por exemplo. Por outro lado, representam apenas 13,3% dos alunos de Computação e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e 21,6% dos cursos de engenharia e profissões correlatas.

A maior instrução em nível superior das mulheres também não se traduz em maioria entre os docentes universitários. Em 2019, elas eram 46,8% do total de docentes no país. Mais do que apenas o patamar baixo, chama atenção o avanço muito lento em quase duas décadas. O índice era de 43,2% em 2003.

Cargos públicos

O IBGE apontou também que, mesmo sendo mais da metade da população brasileira, as mulheres continuaram minoria na ocupação de cargos públicos e gerenciais no país até 2020.

Ao detalhar sobre o tema, o instituto disponibilizou no levantamento listagem de 30 países com a proporção, em cada um, de parlamentares mulheres em exercício em câmara baixa ou parlamento unicameral. O Brasil ocupa a última posição na lista, com 14,2%; que é liderada por Ruanda, com 61,3%. A lista inclui além do Brasil, todos os países da América do Sul e os três países com maior proporção de mulheres ocupando cargos públicos com esse perfil.

O IBGE informou ainda que, no Brasil, esse indicador já foi pior e era de 10,5%, em dezembro de 2017. Mas, apesar do aumento, o país era a nação da América do Sul com a menor proporção de mulheres exercendo mandato parlamentar na câmara dos deputados, e encontrava-se na 142ª posição de um ranking com dados para 190 países, acrescentou o instituto.

Para o instituto, há um fenômeno de "sub-representação" das mulheres nos cargos públicos do país. O instituto comentou que, em 2020, somente 16% dos vereadores eleitos no país eram mulheres. Houve aumento de menos de 3 pontos percentuais em relação a 2016, detalhou o instituto, sendo que o Estado com o menor percentual de vereadoras eleitas, em 2020, foi o Rio de Janeiro, com 9,8%, e o que apresentou o maior percentual o Rio Grande do Norte, com 21,8%.

Também em 2020, do total de candidaturas a deputado federal, 68,8% eram de homens, e 32,2% eram de mulheres.

Além disso, outro problema de sub-representação ocorre entre mulheres: a baixa representatividade de mulheres pretas ou pardas em cargos públicos. Segundo o IBGE, embora mulheres pretas e mulheres pardas representassem, respectivamente, 9,2% e 46,2% das mulheres na população em 2019, alcançaram 5,3% e 33,8% das cadeiras nas câmaras municipais obtidas pelas mulheres nas eleições de 2020.

Fora da vida pública, a discrepância na participação feminina em comparação com homens continua, nos cargos de chefia. O IBGE informou que no Brasil, 62,6% dos cargos gerenciais eram ocupados por homens e 37,4% pelas mulheres em 2019.


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