G1 • 22 de junho de 2021
Fonte da Notícia: G1
Data da Publicação original: 22/06/2021
Publicado Originalmente em: https://g1.globo.com/educacao/volta-as-aulas/noticia/2021/06/22/estados-apresentam-falhas-nos-protocolos-para-volta-as-aulas-aponta-pesquisa.ghtml
Uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento físico são medidas básicas para evitar a transmissão do coronavírus, mas somente elas não garantem a segurança na reabertura das escolas.
Um levantamento com dados públicos de cinco estados sobre medidas para o retorno às aulas presenciais aponta falhas nos protocolos analisados, considerando o que a ciência já apontou como seguro para impedir a transmissão de coronavírus (como o uso de máscaras e o escalonamento no transporte até a testagem).
O resultado sinaliza risco de aumento de transmissão na reabertura das escolas, caso os protocolos não sejam revistos.
Foram analisadas medidas de Amazonas, Ceará, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo. Estes estados foram escolhidos por serem representativos nas respostas à pandemia, segundo os pesquisadores.
A pesquisa é liderada pela professora de ciência política da USP, Lorena Barberia, que é doutora pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em administração pública e governo, além de coordenadora da Rede de Pesquisa Solidária, que analisa as políticas públicas adotadas na pandemia. Fazem parte também os alunos pesquisadores Luiz Cantarelli e Pedro Henrique De Santana Schmalz, da USP.
Com base em oito eixos (máscaras, ventilação, imunização, testagem, transporte, ensino remoto, distanciamento, e higiene), os pesquisadores criaram um índice de segurança para o retorno às aulas presenciais.
A média das pontuações coloca os estados com nota vermelha, de 30 a 59, enquanto o máximo é 100.
"São protocolos com notas moderadas, outros com níveis piores. E estão discutindo reabertura em um momento de aumento de transmissão. Se você vai abrir escolas em momento de elevado risco de transmissão, seu protocolo precisa ser superseguro", afirma Barberia ao G1.
"Mesmo nas medidas mais simples, como incentivo ao uso de máscaras, nenhum estado teve nota máxima porque não especificam que tipo de qualidade será exigido", afirma Luiz Cantarelli, coautor do estudo, durante apresentação dos dados em um seminário virtual do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.
A medição do nível de gás carbônico, importante para saber se há ventilação adequada em um espaço, também não está prevista em nenhum estado, destaca Cantarelli.
Só foram consideradas ações formalizadas pelos governos estaduais, sejam elas decretos, portarias, textos em sites, comunicados oficiais. Anúncios sem regularização não foram considerados.
Os critérios foram escolhidos com base em estudos do Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) indicando medidas efetivas para interromper a transmissão de Covid-19, afirma Barberia.
Índice de segurança do retorno às aulas presenciais
Para criar o índice, foram considerados os oito itens abaixo. Para cada característica dentro deles, há pontuações diferentes.
O índice foi elaborado considerando políticas claras e formalizadas em plataformas oficiais dos governos, afirma Barberia.
"Um dos problemas é que não temos protocolos uniformizados. Não há clareza sobre o que é necessário e cada estado está criando o seu. Em geral, não temos coordenação nem critérios comuns. É preocupante, porque precisamos pensar que há estados com capacidades e recurso diferenciados e podemos imaginar que o mesmo ocorre nos municípios. Isso quer dizer que as pessoas não entendem onde investir para garantir mais segurança nestas escolas", analisa Barberia.
Escolha dos estados
Segundo Barberia, foram consideradas as seguintes características para torná-los representativos na análise:
Resposta coordenada
Em artigo publicado nesta segunda-feira (21) na revista científica "Nature", Lorena Barberia, a médica professora da USP Silvia Figueiredo Costa e a imunologista Ester Sabino afirmam que o Brasil precisa de uma abordagem coordenada e cooperativa para enfrentar a Covid-19.
Elas listam 5 pontos: