GAUCHAZH • 15 de maio de 2025
Fonte da Notícia: GAUCHAZH
Data da Publicação original: 14/05/2025
Publicado Originalmente em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/passo-fundo/educacao/noticia/2025/05/ensino-superior-de-longe-parece-igual-de-perto-e-diferente-cmanzx4k100pb0160v6bfvhia.html
Por Edison Alencar Casagranda, pró-reitor da Universidade de Passo Fundo (UPF)
De acordo com dados oficiais, o número de matrículas na educação superior brasileira vem crescendo continuamente, alcançando, em 2023, cerca de 10 milhões de estudantes. Quase metade está matriculada em cursos ofertados na modalidade a distância.
No entanto, o volume de ingressantes não se traduz em concluintes: a taxa de evasão de 2023 foi de aproximadamente 25% nos cursos presenciais e chegou a 40% nos cursos EaD, conforme dados da Semesp. Além da evasão, outro problema é a qualidade do ensino. Os resultados do Enade, divulgados nos últimos anos, têm revelado deficiências significativas em áreas estratégicas para o país, como Medicina e formação de professores.
O ingresso, a permanência e a conclusão do ensino superior estão atrelados a desafios, tais como a percepção (ou não) do valor agregado à formação e a escolha da instituição. A conclusão do ensino superior exige dedicação e tempo e os resultados não são imediatos, por isso nem sempre as pessoas conseguem avaliar seus impactos a médio e longo prazo.
A verdade é que, no Brasil, o rendimento de uma pessoa com diploma e formação superior tende a ser duas vezes maior que o de alguém que não possui essa qualificação, sendo que essa diferença se amplia ainda mais em algumas profissões. Ou seja, quanto maior o nível de escolaridade, maiores as oportunidades de trabalho e a remuneração.
Outro fator que interfere na permanência e na conclusão do ensino superior, diante da crescente oferta, é a escolha da instituição. Estudos comprovam que a qualidade do ensino superior cursado pode ser um diferencial importante na hora de ingressar no mercado de trabalho.
Instituições que, além do ensino, investem em pesquisa, extensão e inovação, com espaços físicos que vão muito além das salas de aula, com equipamentos, laboratórios, parques tecnológicos, entre outros tornam-se espaços privilegiados para produção de ciência e tecnologia e, por consequência, contribuem para o desenvolvimento de suas regiões. Essas costumam ser instituições que prezam pela interação entre estudantes e professores.
“A mediação do processo de ensino e aprendizagem por um professor, em contato direto com os estudantes, constitui-se um dos principais diferenciais de qualidade de formação. A interação envolve corporalidade: no cotidiano da experiência de aprendizagem, professores e estudantes se veem de corpo inteiro e mutuamente, podem captar gestos e expressões faciais, gerando uma intercompreensão capaz de sustentar o diálogo”
EDISON ALENCAR CASAGRANDA
pró-reitor da Universidade de Passo Fundo
Nos últimos anos, ao mesmo tempo em que os indicadores registram aumento nas matrículas do ensino superior, o Rio Grande do Sul enfrentou problemas complexos, como a pandemia do coronavírus, seguida, em 2024, da maior tragédia climática de sua história.
O enfrentamento a eventos dessa magnitude exige conhecimento técnico, científico e humano, o que se faz com formação de qualidade, oferecida por instituições que possuem compromisso com o desenvolvimento socioeconômico das comunidades em que estão inseridas.
Edison Alencar Casagranda é pró-reitor da Universidade de Passo Fundo (UPF). Entre em contato pelo e-mail: eacasa@upf.br.