8 perguntas para decidir o futuro da sua IES

REVISTA ENSINO SUPERIOR • 18 de junho de 2025

Fonte da Notícia: REVISTA ENSINO SUPERIOR
Data da Publicação original: 17/06/2025
Publicado Originalmente em: https://revistaensinosuperior.com.br/2025/06/17/8-perguntas-para-decidir-o-futuro-da-sua-ies/

Vivemos hoje uma das maiores transições tecnológicas das últimas décadas. Ao longo da história, ideias ousadas demais para seu tempo foram subestimadas, como a bússola ou a Revolução Industrial, por exemplo. Todos esses marcos enfrentaram ceticismo e resistência. Mas desta vez, o cenário é diferente. A Inteligência Artificial (IA) se move cinco vezes mais rápido que a internet, com três vezes mais impacto.

A IA generativa (GenAI) não é apenas mais um “avanço”. Ela escancara a necessidade de uma reconfiguração radical na forma de operar a gestão universitária nas áreas acadêmica, administrativa, mercadológica e tecnológica.

Um estudo da McKinsey aponta a GenAI com potencial de automatizar atividades de trabalho que consomem de 60% a 70% do tempo dos funcionários atualmente. No setor bancário, por exemplo, a estimativa é gerar um valor adicional equivalente a US$200 a US$340 bilhões anualmente.

E não pense que esse movimento é restrito às grandes potências. Mesmo em economias com desafios profundos, como no continente africano, os avanços são claros. A IA generativa vai movimentar US$103 bilhões por ano, com impacto em setores como educação, finanças, energia e setor público. O relatório da McKinsey de maio de 2025 mostra que mais de 40% das instituições africanas já estão aplicando IA generativa. No Quênia, trilhas de aprendizagem são personalizadas por IA. Em Uganda, 50 mil pessoas foram rastreadas por raio-X portátil com IA, detectando mil casos de doenças pulmonares. E você? Decidindo se contrata mais módulos para atualizar o sistema acadêmico?

A combinação entre IA tradicional e IA generativa pode mais do que dobrar o valor potencial capturado. Segundo a McKinsey, cerca de 75% do impacto econômico projetado está concentrado em quatro áreas: operações de atendimento ao cliente, marketing e vendas, engenharia de software e P & D. E a maior parte desse valor ainda está na IA tradicional, responsável por até 60% do potencial de impacto total. Ou seja, não se trata apenas de adotar o “novo”, mas de orquestrar de forma inteligente tudo o que já está disponível e validado.

Reunião com a área de TI

Desde a democratização da GenAI em novembro de 2022, o mundo entrou em ciclos de aceleração tecnológica que só existiam na ficção científica. Já são quase três anos. Se seu gestor de TI ainda não utiliza IA de forma avançada, há um risco grande de estar emulando a icônica cena dos músicos do Titanic.

Minha sugestão é chamar seu gestor de TI para uma reunião rápida e pragmática. Faça duas perguntas que não podem mais ser adiadas:

Pergunta 1: Quais ações concretas de curto, médio e longo prazo estão planejadas pela TI para reduzir custos e aumentar a produtividade da instituição com IA? No caso da existência de tais ações, peça pelos resultados.

Pergunta 2: Como reitor, em quantos dias eu poderei, em menos de um minuto, pedir pelo WhatsApp, dados de inadimplência, fluxo de caixa projetado, risco de evasão por curso, desempenho acadêmico por unidade ou engajamento dos professores?

Reunião com a área acadêmica

A GenAI está redesenhando os fundamentos da aprendizagem em escala global. Desde 2022, surgiram novos modelos pedagógicos que combinam personalização em tempo real, correção automatizada, tutoria com agentes autônomos e feedbacks individualizados entregues via WhatsApp.

Minha sugestão é reunir-se com sua área acadêmica para uma conversa direta e inadiável. Faça outras duas perguntas que exigem respostas objetivas:

Pergunta 3: Quais iniciativas concretas estão em curso para personalizar a aprendizagem com uso intensivo de GenAI, reduzindo o retrabalho docente e aumentando a permanência dos alunos? Se houver iniciativas, peça resultados.

Pergunta 4: Quando a instituição será capaz de entregar, por WhatsApp, feedbacks automáticos e trilhas personalizadas aos alunos, com base em desempenho, engajamento e estilo de aprendizagem?

Reunião com a área financeira

Enquanto algumas instituições ainda se apoiam em planilhas e relatórios mensais, outras já tomam decisões com base em dashboards em tempo real, alimentados por GenAI e integrados por comando de voz pelo WhatsApp. A função financeira deixou de ser apenas controle: tornou-se uma área de geração de vantagem competitiva. Se sua controladoria ainda opera como nos anos 2000, o prejuízo pode não estar nos números, mas nas decisões que nunca foram tomadas.

Minha sugestão é fazer dois questionamentos:

Pergunta 5: Quais processos financeiros já estão sendo automatizados com GenAI e qual é o impacto estimado em produtividade, acuracidade e economia de recursos?

Pergunta 6: Em quanto tempo será possível, via WhatsApp, acessar previsões de inadimplência, projeções de fluxo de caixa, conciliações bancárias e alertas de risco, tudo gerado por agentes autônomos de IA com base em dados atualizados em tempo real?

Reunião com a área de marketing

A queda do tráfego orgânico, o fim do SEO como conhecíamos e a ascensão do GEO (Generative Engine Optimization) já são realidade no mercado. Enquanto isso, seu time segue apostando nas mesmas campanhas, nos mesmos criativos e nas mesmas agências. Minha sugestão é convocar uma reunião com seu time de marketing, agência e consultores (se for o caso), e questione:

Pergunta 7: Quantos agentes autônomos estão em operação no funil de captação e nutrição de leads, e quais fluxos eles já executam sem intervenção humana?

Pergunta 8: Já temos um agente que testa criativos, otimiza verba, responde leads no WhatsApp e escala campanhas com base em dados em tempo real, sem depender de aprovação manual ou ação da equipe?

O tsunami já começou

Alguns dirigentes viram o recuo atípico do mar e correram para as montanhas. Outros permanecem na areia, sentados na cadeira de praia, com água de coco na mão, porque, verdade seja dita, já não há orçamento para espumante.

Fora do ensino superior, as empresas médias aumentam a produtividade entre 7% e 10% ao ano, as excepcionais dobram esse índice. No desenvolvimento de tecnologia, os ganhos com IA já chegam a 45%. Enquanto isso, muita TI continua demonizando o no-code (criação de sistemas sem programação) com discurso de “não é bem assim” que mascara a inércia.

No atendimento ao cliente, os ganhos com GenAI já chegam a 40%. Não é tendência futura, é realidade presente. A propósito: você já testou o chatbot da sua IES como cliente oculto? Conseguiu não se irritar? Percebeu quanto dinheiro está ficando na mesa cada vez que um aluno desiste por não ser atendido como deveria? E o mais grave: ainda está usando bot, mesmo sabendo da existência de agentes autônomos de IA infinitamente mais eficazes?

Reitor, a responsabilidade é sua

De 50% a 70% das empresas da Fortune 500 não existirão mais em 10 anos. Não porque erraram, mas porque demoraram. Esse dado foi destacado por John Chambers, ex-CEO da Cisco Systems. Chambers foi direto: a transformação digital e a adoção estratégica da IA serão decisivas para a sobrevivência das grandes corporações.

Segundo a McKinsey, o sucesso com IA está diretamente ligado à liderança. CEOs que colocam a IA no centro da estratégia têm 2,2 vezes mais chances de capturar valor.

Reitor, não delegue a IA à TI. Essa pauta é sua. A transformação que antes levava décadas agora acontece em meses. Não perca mais tempo.

A pergunta que não quer calar é se você vai fazer esses questionamentos ao seu time antes de recebê-los por parte da sua mantenedora, CEO ou Conselho Administrativo.


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