Educação é a área que mais cresce em cursos de especialização no Brasil, diz instituto

G1 • 10 de dezembro de 2019

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Os cursos de especialização em educação ocuparam o topo do ranking de vagas abertas em 2019 no Brasil, de acordo com o Instituto Semesp, que reúne as empresas mantenedoras do ensino superior. A abertura de vagas segue uma tendência da busca por qualificação no setor, de acordo com a entidade.

A área concentra 35% da oferta de vagas, acima de ciências sociais, negócios e direito (31%) e saúde e bem estar social (24%). O diretor da entidade, Rodrigo Capelato, afirma que o índice é puxado principalmente por cursos de inovação acadêmica e gestão que atraem, sobretudo, profissionais da pedagogia.

O ranking está na pesquisa "Cursos de especialização lato sensu no Brasil", produzido pelo Semesp. A entidade usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Dados (Pnad Contínua) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e informações do Ministério da Educação.

No cenário, a modalidade que mais cresce é o ensino a distância (EAD), com 37,5% das vagas ofertadas.

Infográfico mostra a porcentagem de vagas em especialização no Brasil, por área, em 2019: educação se destaca, com 35% delas — Foto: Elida Oliveira/G1

De acordo com a análise do Semesp, as vagas em especialização subiram 74% em 2019, à frente do mestrado (18%) e doutorado (9%).

“A educação está tendo uma revolução com novas metodologias. Apesar de a pessoa ser formada em pedagogia, ela ainda pode estar totalmente fora deste mundo novo. São tecnologias inovadoras que ninguém conhece direito, como sala invertida, aprendizado baseado em projetos, entre outras formas de ensinar” -- Rodrigo Capelato, diretor do Instituto Semesp.

Capelato afirma que os cursos de pedagogia têm um currículo muito focado em teoria, e a graduação não consegue formar profissionais para os avanços rápidos que ocorrem dentro das escolas. Na opinião dele, a especialização consegue se adaptar às mudanças mais rapidamente por ter um currículo mais flexível.

Investimento nos professores

Dados do mais recente Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) apontam que países que investem na valorização dos professores e em ações que diminuem a desigualdade entre escolas e alunos tendem a ter melhores resultados na aprendizagem dos estudantes.

Entretanto, Capelato faz a ressalva de que, no Brasil, são os alunos que majoritariamente bancam os custos das especializações e que faltam investimentos governamentais para incentivar a formação continuada.

Infográfico mostra a porcentagem de vagas de especialização, presenciais e EAD, por área — Foto: Elida Oliveira/G1

Na avaliação do diretor do Semesp, a EAD tem crescido no segmento por ser aplicada em cursos que se adaptam à realidade de quem busca especialização: são pessoas acima de 30 anos, que já trabalham, e querem progredir na carreira, seja um diretor buscando aprimoramento ou um professor que procura outras posições.

Veja o perfil dos estudantes de especialização lato sensu no Brasil, segundo o Instituto Semesp — Foto: Ana Carolina Moreno/G1

Qualificação x mercado de trabalho

Outra pesquisa feita com base em dados da Pnad Contínua, divulgada pelo G1, aponta que há mais trabalhadores qualificados do que vagas no mercado de trabalho. Quase 4 milhões de brasileiros que cursaram faculdade não encontram uma colocação que exija formação superior.

Na avaliação de Capelato, é comum em um cenário de crise que as pessoas busquem se especializar, seja para manterem o emprego ou para uma recolocação no mercado de trabalho.

"Quem se forma no ensino superior e vai concorrer a uma vaga não encontra, e acaba se candidatando para vagas de nível médio. Para não cair nisso, as pessoas têm buscado uma especialização para poderem concorrer às poucas vagas que exigem qualificação de nível superior", analisa.

"A graduação não te faz melhorar de vida, mas te dá empregabilidade. Por outro lado, as vagas que exigem qualificação estão mais concorridas, e as pessoas têm corrido atrás [de uma boa formação]", afirma Capelato.

Desigualdade de gênero

Os dados do Semesp apontam que a maior parte dos estudantes de especialização (62,2%) são do gênero feminino. São mulheres que buscam se qualificar para manterem a competitividade no mercado de trabalho.

Entretanto, elas ainda estão ganhando menos que seus pares do sexo masculino. O Índice de Desenvolvimento de Gênero (IDG), divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) nesta segunda-feira (9), aponta que as mulheres no Brasil estudam mais, porém possuem renda 41,5% menor que os homens.

Notícia publicada no site G1, em 10/12/2019, no endereço eletrônico: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/12/10/educacao-e-a-area-que-mais-cresce-em-cursos-de-especializacao-no-brasil-diz-instituto.ghtml


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