Novo Censo da pós visa melhorar estratégias

REVISTA ENSINO SUPERIOR • 16 de setembro de 2025

Fonte da Notícia: REVISTA ENSINO SUPERIOR
Data da Publicação original: 08/09/2025
Publicado Originalmente em: https://revistaensinosuperior.com.br/2025/09/08/novo-censo-da-pos-visa-melhorar-estrategias/

Os números de programas de pós-graduação stricto sensu vem crescendo no Brasil e se espalhando pelo território. Mas quem atesta isso? Há estudos, como o Brasil: Mestres e Doutores 2024, feito pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Essa pesquisa indicou que entre 2001 e 2021, o País teve um crescimento de 271% no número de doutores, e de 210% no de mestres. Mas o que existe atualmente são estudos eventuais e pouco detalhados.

A falta de dados censitários acaba sendo um gargalo, porque sem diagnóstico preciso e contínuo é mais difícil que se adotem medidas adequadas à realidade nacional. A parte da falta de dados deve ser resolvida em breve. Em 2023 a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) começou a desenvolver um modelo de Censo para a pós-graduação. Sua existência foi formalmente instituída numa portaria de abril de 2024 e, este ano, os dados começarão a ser coletados. Ainda não há data prevista para a divulgação dos primeiros resultados.

O Censo vai promover um mapeamento abrangente de aspectos demográficos, socioeconômicos, culturais, étnico-raciais, de gênero e sobre necessidades especiais tanto dos pós-graduandos quanto dos docentes e técnicos. Também vai coletar dados mais detalhados sobre os programas de mestrado e doutorado.

A proposta metodológica prevê que os próprios mestrandos e doutorandos possam incluir seus dados por meio de uma plataforma digital, como forma de assegurar confiabilidade – por exemplo, eles podem dizer melhor sua própria etnicidade do que os coordenadores. No modelo atual, a Capes faz uma coleta de dados quadrienal a partir de informações dos coordenadores. A instituição reconhece que as informações são confiáveis em relação à produção científica, mas não nas questões sociais individuais.

Em nota à reportagem, a Capes defendeu que o detalhamento do Censo será vital para a realização de uma “análise minuciosa” que permitirá identificar disparidades e desigualdades. “Elas fornecerão uma fundamentação sólida para a formulação de políticas públicas e ações afirmativas que promovam maior equidade e inclusão no âmbito acadêmico”, diz o texto.

Em declarações públicas, a presidente da Capes, Denise Pires Carvalho, explicou que, a partir do Censo, as políticas públicas para a etapa poderão ser desenhadas com base em evidências. Assim, o instrumento deve ajudar não apenas sobre o ponto de vista de acompanhar a evolução numérica total, mas perceber questões como possíveis entraves para que mulheres – ou outros grupos – progridam na carreira científica.

Da mesma forma, o Censo tem o potencial de ajudar a entender se as formações e pesquisas estão adequadas às necessidades reais da sociedade nas diferentes geografias nacionais, melhorando a conexão com o setor produtivo e permitindo estratégias locais de desenvolvimento. “Mestres e doutores precisam ter onde atuar. A Embraer é uma empresa que é forte graças a sua ligação com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)”, citou Denise, como um exemplo positivo de polo de excelência que poderia ser reproduzido.

Os estudos atuais dão conta que 70% dos doutores egressos da pós-graduação vão para cargos na administração pública.

Seja do ponto de vista estratégico ou mesmo em termos absolutos, não há dúvidas que o Brasil tem muito trabalho pela frente. O país registra hoje dez doutores para cada 100 mil habitantes, três vezes menos que a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 30. A disparidade é ainda maior em relação aos mestres: temos 29, enquanto na OCDE são 300.

* Com informações CGCOM/CAPES


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