Conselho veta curso 100% online para formar professor

FOLHA DE SÃO PAULO • 22 de abril de 2024

Fonte da Notícia: FOLHA DE SÃO PAULO
Data da Publicação original: 19/04/2024
Publicado Originalmente em: www.abrafi.org.br/js/ckeditor/foto_internas/Clippingoestadodespaulo.pdf

Imagem: Educa+ Brasil

O Conselho Nacional da Educação (CNE) definiu que os cursos de formação para professores, como licenciaturas e Pedagogia, terão de ser oferecidos com 50% da carga horária presencial. A educação a distância (EAD) para formar docentes tem crescido nos últimos anos, com muitos questionamentos sobre a qualidade.

Hoje, 64% dos estudantes em licenciaturas estão em cursos a distância e não há controle sobre o que é feito presencialmente. Universidades privadas – que têm a maioria da EAD – oferecem cursos em que os futuros professores estudam, muitas vezes, apenas por vídeos e apresentações em Power Point. As atividades presenciais, como provas por exemplo, ocupam cerca de 10% do tempo total. No entanto, a modalidade é vista como opção para alunos mais pobres, que trabalham durante a graduação e buscam baixas mensalidades. Além disso, facilita o acesso para quem mora fora dos grandes centros.

O parecer do CNE sobre formação docente foi aprovado por unanimidade, mas ainda precisa ser homologado pelo ministro Camilo Santana (PT). O conselho é um órgão de assessoramento do ministério e responsável por organizar as diretrizes curriculares. Segundo o Estadão apurou, a nova regra para EAD foi alinhada com o ministério e Camilo deve homologar nas próximas semanas. Procurado pela reportagem, o MEC respondeu que ainda analisa o parecer.

Camilo tem se posicionado contra os cursos não presenciais para licenciaturas. Em dezembro, o MEC publicou portaria que suspendeu os processos de autorização de novos cursos a distância de 17 áreas.

Presencial e obrigatório

As 400 horas de estágios devem ser presenciais, assim como as 320 para atividades de extensão

COMO É A DIVISÃO PROPOSTA. Ao detalhar a carga horária do currículo da formação inicial de professores, de 3,2 mil horas no total, o parecer considera que 880 horas da formação geral podem ser feitas de forma presencial ou a distância. Das 1,6 mil horas destinadas ao aperfeiçoamento específico na área em que o professor vai ensinar, 880 horas precisam ser presenciais pelo menos. As 400 horas destinadas a estágios devem ser presenciais, assim como as 320 destinadas a atividades de extensão em escolas.

REAÇÃO. Para a diretora do Instituto Península, Heloisa Morel, o documento é uma modernização de outras normativas feitas antes da pandemia, e assume a importância também das tecnologias na formação. Já a Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) protocolou esta semana carta ao ministro e ao CNE pedindo que a resolução seja revista. A entidade teme redução drástica “de professores formados nos próximos anos” e diz que a logística de 50% “é inviável” - COLABOROU ISABELA MOYA

Maioria das instituições particulares critica parecer

A possibilidade de os cursos de licenciatura a distância precisarem se adaptar ao entendimento do Conselho Nacional de Educação (CNE) tem desagradado às faculdades particulares. No geral, elas argumentam que a modalidade de ensino não define qualidade, e o EAD é principal forma de democratizar o acesso ao ensino.

A Associação Brasileira das Mantenedoras das Faculdades (Abrafi) critica a decisão por entender que pode “ferir a autonomia universitária, engessar alguns currículos e limitar a inserção de novas tecnologias dentro do processo ensino-aprendizagem”.

Já a Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) acredita que a discussão da formação de professores deveria passar pelas metodologias de ensino e atividades necessárias para a formação desses profissionais, e não por um viés quantitativo, de porcentual mínimo de carga presencial.

A Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), por sua vez, entende que as atividades práticas são mandatórias para a formação de professores, mas observa que “a tecnologia tem produzido impactos positivos para a horizontalização do acesso à formação de profissionais”.


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